Prefeituras buscam novas soluções para reduzir consumo de energia e agregar serviçosA modernização da iluminação pública favorece a instalação de infraestrutura tecnológica pelas cidades inteligentes. Estimuladas pelas novas regras que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu em 2020, muitas prefeituras têm feito Parcerias Público-Privadas (PPPs) na área, pois elas facilitam o uso da taxa de iluminação e a captação de financiamento pelas empresas. Em três anos, o número de contratos firmados nesse modelo saltou de 19 para 63, em 470 projetos que movimentam R$ 20 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Concessionárias de Iluminação Pública (Abcip).
Para o presidente da Associação, Pedro Iacovino, o crescimento do interesse se deve a dois fatores. “O primeiro é a economia no consumo de energia, em média de 70%, graças à tecnologia LED”, afirma. “O segundo decorre das funcionalidades associadas aos sistemas de telegestão, que, além de comandar as luminárias e medir o consumo de energia, são plataformas digitais para a implantação de diversos serviços”. Sensores instalados nas luminárias podem, por exemplo, monitorar transporte público, coleta de lixo, drenagem urbana, condições climáticas, tráfego e áreas de risco.
O projeto Conecta 5G, iniciativa do Parque Tecnológico de São José dos Campos (PqTec, SP) com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), prevê testes com luminárias inteligentes em dez cidades de oito Estados. “Queremos encontrar um modelo de negócio em que a luminária seja também um antena 5G e de wi-fi 6.0 para gerar receitas ao município”, diz o diretor de desenvolvimento de negócios do PqTec, Marcelo Nunes. São José dos Campos é a primeira cidade do Brasil certificada nos 276 indicadores das três normas internacionais ISO sobre cidades inteligentes.
“Existe grande potencial para a incorporação de novas tecnologias à iluminação pública, mas na prática a modelagem dos contratos ainda não traz vantagens suficientes para os parceiros privados”, pondera o diretor executivo da Exati, Dênis Naressi. A empresa de Curitiba fornece um software para gestão da iluminação de dez capitais. Algumas, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, via PPPs. Outras, como Curitiba, via contrato direto. “As PPPs são uma sofisticação dos contratos, pois têm indicadores a serem cumpridos e formas sistematizadas de verificação independente, além de serem menos sujeitas ao impacto das trocas de governo”, comenta.
Iniciado em 2014, o projeto Conecta Recife já substituiu 95% do sistema de iluminação pública da cidade por lâmpadas de LED, com a troca realizada pela própria prefeitura. “A vantagem é que usamos nossa força de trabalho interna e tudo o que economizamos é reinvestido no próprio parque”, diz a presidente da autarquia municipal Emlurb, Marília Dantas. “Temos benefício não só econômico, como também ambiental e de segurança pública”. O ganho de eficiência energética de quase 50% corresponde a uma economia de R$ 18 milhões por ano. Até maio a Emlurb vai instalar10 mil pontos de telegestão e está estudando a adoção de alguns serviços estratégicos, como manutenção e limpeza urbana.
A Prefeitura de Santo André (SP) colhe os resultados da modernização de seu parque de iluminação pública, iniciada há oito anos. Hoje a economia no consumo de energia é de R$ 5 milhões anuais e o número de postes apagados caiu de 6 mil para menos de 50. “O município apostou na densificação da população para que o sistema se autofinanciasse, e funcionou”, explica Luciano Cintrão, diretor da Valid para cidades inteligentes, empresa parceira no monitoramento.
Um contrato de R$ 156 milhões assinado este mês entre o governo de Mato Grosso e a empresa Ledstar, do grupo Unicoba Energia, prevê a entrega de 385,5 mil luminárias de LED até setembro para atender 136 municípios do Estado. Só na Prefeitura de Cuiabá, a previsão é uma economia de R$ 17 milhões por ano. Primeira fábrica de luminárias de LED no Brasil, a Ledstar está presente na iluminação pública de 70% das capitais do país.
Comments